O Compliance já é uma realidade do mundo corporativo e aos poucos vai se tornando conhecido e aplicado também no esporte. Vários clubes europeus e de ligas norte-americanas têm a ferramenta como pilar inegociável da gestão do clube, seja em modelo associativo como no empresarial. Mesmo assim, no Brasil, a imensa maioria não aplica, e quando ensaia um projeto esquece de uma regra básica: apostar no projeto.
Já começo pelo fim: não existe projeto eficaz de compliance SEM o comprometimento da alta cúpula (chamado de tone at the top – pilar do projeto). Se quem tem a caneta não estiver comprometido com o projeto, ele se torna ineficiente.
Portanto, muitas vezes, a culpa NÃO é do compliance.
Mas afinal, o que é compliance?
Compliance é estar em conformidade. Ou seja, trabalhar seguindo ética, princípios, normas internas e a lei.
Com mecanismos internos de proteção, é possível identificar riscos e implementar medidas de melhoria, além de organizar e tornar a gestão transparente, ética e comprometida.
Ou seja, investir em compliance é valorizar a instituição, os seus parceiros, a sua marca e sua equipe de trabalho.
Um programa de compliance busca o cumprimento de leis e regras por meio de procedimentos e mecanismos que envolvam todos os níveis de uma organização, gerando cultura comportamental mais organizada e ética nas instituições.
Simplificando, o programa desenvolve estratégias, políticas internas e fluxos de trabalho que estimulam, monitoram e cobram colaboradores, do presidente ao estagiário, a fim de evitar atos ilícitos nas empresas e atingir objetivos propostos.
Como aplicar?
Uma empresa interessada em construir uma imagem sólida, ética e responsável, encontra no compliance um grande aliado para colocar em prática suas ações de forma mais efetiva.
Essas diretrizes são conhecidas como os pilares de compliance que, atualmente, são compostos por dez conceitos. Quando o compliance começou a ser adotado por boa parte das empresas brasileiras, o programa abordava nove pilares. Recentemente, um novo item foi acrescido à lista – Diversidade e inclusão – observando a crescente preocupação com esse tema em todo o mundo.
Atualmente, esses são os dez pilares que formam o programa de compliance:
- Suporte da alta administração;
- Avaliação de riscos;
- Código de conduta e ética;
- Controles internos;
- Treinamento e comunicação;
- Canais de denúncia;
- Investigações internas;
- Due diligence;
- Auditoria e monitoramento;
- Diversidade e inclusão.
Passou da hora!
A vigilância aumentou. Ainda bem. As leis também apertaram o cerco. A nova Lei Geral do Esporte tipificou o crime de corrupção privada no Brasil, que não estava tipificado até ano passado.
Os exemplos estão ai. Outdoors espalhados pelo Brasil para todas as torcidas assistirem. E cobrarem.
Quem não entendeu, ou já dançou ou dançará.
Conformidade, governança e compliance não são mais apenas escolhas morais e ferramentais profissionais, são instrumentos de sobrevivência.